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Sopro luminar é uma exposição que reúne artistas portugueses e internacionais de várias gerações, que utilizam a fotografia de modos diversificados naquilo que são visões mais ou menos subjetivas da realidade.As obras pertencem à Coleção dos Encontros de Fotografia e correspondem, em determinados casos, a encomendas feitas no sentido de um mapeamento de territórios nacionais que os autores exploraram mediante um trabalho autoral de inegável valor estético e histórico. A escolha agora apresentada reflete sobre a importância da luz na definição de projetos que podem assumir um carácter mais documental ou privilegiar narrativas eminentemente subjetivas ou conceptuais.
Trata-se, acima de tudo, de um diálogo com a própria história da arte, onde a luz sempre assumiu um papel preponderante na pintura, e com a perceção do mundo eminentemente condicionada pela imagem televisiva a partir da segunda metade do século XX e as chamadas redes sociais na atualidade. Ou seja, a imagem fotográfica é aqui ancoragem possível de um olhar diferenciado sobre o que nos rodeia, permitindo que paisagens, retratos, interiores e pequenos apontamentos do quotidiano assumam uma singularidade transtemporal.
Se na história da pintura ocidental a luz ganhou uma importância decisiva – pensemos em Vermeer, Caravaggio ou Goya -, tal deve-se à sua manipulação enquanto entidade própria, num recorte personificado de alcance transcendental.
Luz da cidade burguesa, luz divina ou luz tenebrista, definindo um espaço de receção que ultrapassa o virtuosismo técnico. Já na fotografia a luz é uma entidade fundacional: a fotografia analógica tem como momento basilar o trabalho de impressão que de certa forma se aproxima de um processo alquímico.
Esta analogia leva-nos a pensar na fotografia como extensão de uma possibilidade criativa distante do real, por oposição ao gesto mecânico que supostamente o reproduziria. Assim, mesmo na impessoalidade de projetos conceptuais como os de Bernd e Hilla Becher, por exemplo, há sempre um controle autoral que reflete uma visão do mundo e, por extensão, nos permite olhar esse mundo com maior agudeza crítica. Um dos grandes autores do século vinte, Walker Evans, soube como poucos imprimir aos seus projetos de “estilo documental” (como gostava de os descrever) um balanço ímpar entre forma e conteúdo que se complementam em síncrona emancipação dos preceitos convencionados.
Se o preto e branco é evidência maior de um distanciamento realista, ele tornou-se paradigma da memória materializada. Já na cor, a aproximação ao real acaba por se tornar decetiva: tanto na frieza da luz direta e crua, como na manipulação digital, as panóplias de opções determinam a necessidade de uma competência técnica tão apurada quanto a de qualquer outra disciplina artística.Daí a singularidade da imagem autoral: por trás da sua composição enraíza-se um saber acumulado, uma linha de pensamento projetual estruturado e uma perceção inteligente do contexto social e estético do presente que ajuda a construir. Um sopro luminar que as subtrai da banalidade imagética que nos assalta diariamente.
Miguel von Hafe Pérez
A Colecção dos Encontros de Fotografia
Surgidos nos anos 80, numa altura em que a representatividade da fotografia no nosso país era praticamente nula, os Encontros de Fotografia nascem com o intuito de inscrever Portugal no circuito internacional da fotografia contemporânea. Os Encontros de Fotografia transformaram Coimbra num pólo de divulgação da fotografia moderna e contemporânea, promovendo a apresentação regular de exposições de fotógrafos incontornáveis da História da Fotografia, bem como a encomenda de projetos específicos a artistas reconhecidos no circuito da arte internacional, para além de uma clara aposta em autores portugueses.
O caso particular das encomendas de projectos fotográficos em diversas regiões de Portugal, desenvolvido sobretudo durante a década de 1990, promoveu a descoberta do nosso território sob um novo olhar, quer pelas lentes dos fotógrafos estrangeiros, quer pelas lentes de jovens fotógrafos portugueses cujo interesse por este meio foi claramente impulsionado pelos Encontros de Fotografia.
Ao longo dos mais de 40 anos de história, os Encontros de Fotografia foram reunindo no seu espólio uma vasta e importante colecção de fotografia, com mais de 2500 obras, bem como um extenso fundo bibliográfico decorrente das exposições.
O Centro de Artes Visuais, inaugurado em 2003 com uma programação regular que resulta do caminho trilhado pelos Encontros de Fotografia, tornou-se assim uma instituição ímpar e pioneira em Portugal na divulgação das artes da imagem no contexto da arte contemporânea.
Ficha técnica
Curadoria: Miguel von Hafe Pérez
Produção: Ana Sampaio, Catarina Portelinha, Jorge Simões, Matilde Rodrigues, Sandra Oliveira e Teresa Ponte
Comunicação: CAV e VNMB
Montagem: Carpintaria Coelho,Lda
Design gráfico: Celeuma
Quinta da Cruz, Centro de Arte Contemporânea, Viseu
São Salvador, 3510-072 Viseu
232 427 427
09h30 – 17h30, de terça a sábado